O promotor responsável por pedir à Justiça a transferência de 22 líderes do Primeiro Comando da Capital (PCC) para presídios federais em outros estados disse ao G1, nesta quinta-feira (14), que a remoção isolou o primeiro e o segundo escalões da facção criminosa que atua dentro e fora dos presídios, com ramificações internacionais. Lincoln Gakiya disse acreditar que não haverá retaliação por parte do crime organizado. “O Estado se preparou. A inteligência vem se preparando. As polícias estão posicionadas”, avalia.
O promotor afirmou também na entrevista que:
- Os chefes da organização foram surpreendidos com a transferência;
- Marcola terá dificuldades para seguir no comando da organização criminosa;
- A facção não irá acabar.
“Seria muita pretensão da nossa parte. O que eu acho é que essa geração de líderes pode ser modificada”, afirmou Gakiya, que atua no Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público (MP) em Presidente Prudente, interior de São Paulo.
As declarações foram dadas no dia seguinte à remoção de Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola, e mais 21 integrantes da facção. Os criminosos foram levados de unidades prisionais paulistas para penitenciárias federais em Mossoró, no Rio Grande do Norte, Brasília (DF), e Porto Velho, em Rondônia.
A megaoperação de transferência foi autorizada pela Justiça e envolveu representantes do MP e de forças de segurança do governo paulista, além das forças armadas.
O motivo da transferência? O grupo foi acusado por Gakiya de planejar seu resgate e de outros membros onde estavam detidos em São Paulo. Eles ainda são acusados de planejar ataques criminosos em outros estados.
Gakiya, que investiga o PCC desde o começo dos anos 2000, está há 10 anos sob escolta policial 24 horas por dia por causa das ameaças de morte recorrentes que recebe. As últimas vieram no ano passado, quando a facção soube que ele pretendia pedir a transferência das lideranças.
A ideia inicial, lembra o promotor, era de que a transferência ocorresse após as eleições, realizadas em outubro, mas isso também não foi possível. “Porque a polícia estava toda mobilizada para garantir as eleições”, lembra em entrevista: “Fazer uma remoção desse porte com eleições seria arriscado.”




